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Mai 23·editado Mai 23

Eu fico constrangida por sentir prazer lendo os seus textos sobre a enchente. Isso deve provar uma falha de caráter minha. Embora a tristeza e o horror que você está vivendo também me deixem triste e horrorizada, paro ao final de cada parágrafo e revisito as melhores frases: que texto rico, bem escrito.

Só consegui chorar depois de ler o seu relato da semana passada. Fiquei a noite em claro na cama, contendo os soluços pra não acordar o namorado e limpando o catarro na barra do lençol. Pela manhã, ninguém notou as olheiras, nem eu comentei da insônia, da tristeza, de nada. É uma solidão absurda acompanhar a destruição de Porto Alegre a milhares de quilômetros de distância, onde as pessoas que eu conheço não têm nenhuma relação afetiva com o sul.

Obrigada por escrever e por compartilhar conosco ❤️

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Júlia que lindo e triste relato. Você compartilha tua dor com tanta clareza e doçura, que te é própria, que a gente se sente abraçado e consolado por você. Tenho rezado como nunca para que a chuva passe. Diminua. Vá embora. Vá para outro lugar. Os deixe respirar e recomeçar a achar que é possível viver e sonhar. Sei que ainda não dá. Mas vai. Força querida. É muito obrigada pelo tanto que continuas nos dando.

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Julia Dantas, compartilhei teu escrito doído e comovente no Facebook e colaborei com o pix ♡

Eliana Guedes

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Muita sensibilidade para descrever a dor. Identificado com teus sentimentos, reproduzi tua crônica na minha página no Facebook. Prazer em conhecer essa brilhante conterrânea. Aqui de São Paulo torço para a reconstrução da vida de vocês.

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Ontem li teu texto sobre os primeiros dias. Casualmente tinha acabado de postar no instagram algumas imagens (bem intimas, como tu mesma disse) e meu texto, embora sem a qualidade d teu, tinha algumas ideias bem parecidas ali. Era mais ou mens isso:

"Nossa casa não foi arrastada pela enchente. Ela apenas foi inundada, mas segue de pé e, até onde pude avaliar, sem grandes problemas estruturais. Portanto ontem quando botei os pés nela pela primeira vez em quase 20 dias angustiantes depois de deixá-la em razão da ameaça de cheia do Guaíba, tive um misto de sentimento de conformismo, raiva e tristeza. Conformismo porque tem muita gente que de fato não tem mais uma casa de pé, portanto sei que nosso problema pode ser mais simples que o de muitos gaúchos. Ouvimos “o importante é que vocês estão bem, o resto se reconstrói” tantas vezes nas últimas semanas que chegou a dar raiva, porque por mais que sejam palavras de razão e bem intencionadas, acabam dando uma sensação de que nossa perda é diminuta e reparável. Mas tem coisas que não se reconstroem. Por isso, também senti tristeza porque embora ainda tenhamos uma casa, a historia dela se perdeu. O cenário é triste. No dia em que terminarmos a limpeza, sabe-se lá quando, teremos uma casa vazia. Não sobrou nada. Sofás, móveis planejados, armários, nada vai prestar. E tenho minhas dúvidas se vamos querer o que ainda pode ser salvo. Fotos de papel, livros com dedicatórias, musicas, memórias… Tudo pelo chão em uma mistura podre de barro, esgoto, merda e lodo preto. Nada se salva. Não sei se um dia o cheiro da casa vai voltar a ter o nosso cheiro, aquele cheirinho de lar, as vezes nem tão agradável, mas um registro do conforto da nossa casa. Admiro tanto esse povo que tem energia pra recomeçar. Não só o gaúcho, mas também o mineiro, o nordestino, o palestino, o africano… Nossa vontade é fechar a porta e nunca mais voltar."

Eu consegui ir apenas um dia em casa. mal comecei a limpeza. A minha rua ainda estava com agua na altura do tornozelo. Em função do risco, ainda não aceitei ajuda de ninguem. Hoje, voltou a chover forte e o pouco que eu tinha limpado agora, provavelmente está cheio de agua, lama e esgoto de novo.

Mas lendo este teu texto de hoje, me da ainda um pouco de esperança.

Um abraço e fiquem bem. Na medida do possível.

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Que linda a sua capacidade de organizar palavras e pensamentos nessa narrativa tão sincera. Já fiz meu pix e estou compartilhando seu texto como incentivo para o recomeço. 💛

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Você é uma escritora incrível. Achei seu relato muito original e dolorido. De São Paulo e à distância, mando meus votos e apoio.

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Julia, estamos juntas. Fiquem em segurança.

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Fale de sua aldeia e estará falando do mundo, obrigada por trazer num relato tão dolorido e vivido o que as imagens da televisão não dão conta de entregar. Você obviamente não teve mais tempo de seguir o teu relato, penso em você, no Felipe e na cachorra, e em como vocês estarão conseguindo reorganizar os fragmentos de vidas passadas que restaram. Quando puder, volte, e que meu pix possa satisfazer um pequeno desejo ❤️

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Que relato de coragem. Um retrato de terror. Só posso lamentar.

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Agradeço a escrita da vida que insiste com a horror e o fascínio das tragédias

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Muito obrigado por mais este texto. Torcendo por vocês.

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Sou amigo do Quico, tio do Felipe. Obrigado por ter a coragem de compartilhar a dor e a batalha de vocês, que é a de tantas pessoas em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul.

Fico imaginando como as pessoas que não conseguem fazer uma elaboração intelectualizada como a sua, tem que elaborar essa tragédia na carne, na pele, no corpo.

Seus textos me fazem chorar porque fazem realizar como nossas vidas são frágeis.

Felizmente não são coisas que fazem a nossa vida. Essas vão e vem, levam memórias mas essas ficam guardadas em outro lugar. A vida da gente é feita da gente que nos rodeia.

Abraço solidário e carinhoso

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