45 Comentários

É incrível as similaridades das nossas experiências. Na minha casa, a água entrou no mesmo horário que na tua. Eu havia "abandonado o barco", mas meu companheiro me escreveu à meia-noite para dar a notícia. Também não consigo chorar. Nem vi minha irmã, bem mais sentimental que eu, chorando. Também ficamos todos sem reação frente ao improvável e também tínhamos certeza de que a água baixaria no dia seguinte. Teu texto me deu coragem de publicar o meu. Um beijo, força para nós todas.

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Irka, já te disse no privado, mas fico honrada de ter te encorajado a publicar. Espero teus próximos.

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mai 13Curtido por Julia Dantas

Obrigada por ter a força de escrever esse texto e dividir com a gente essa experiência horrível. Mandando todo o meu carinho pra ti e pro Felipe.

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Obrigada, Carol, aos pouquinhos estamos já melhor organizados :)

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A última vez que nos falamos por e-mail, quando eu te disse que precisaria deixar a oficina em razão de um ano difícil para mim, repleto de puxadas de tapete e outras insídias de uma vida que não é justa, pois é impossível pensar justiça naquilo que é puro mistério, você me disse para confiar na força de viver que até o caos também se organiza. Agora, depois de ler seu texto, mesmo sabendo que as situações não se comparam, é inevitável reavaliar as perspectivas e admitir minha fraqueza diante de tudo em razão de sua resiliência. Escrever porque, assim como fizeram com os instrumentos de Felipe, as palavras também precisam ser salvas da água. Tomo, por isso, a vez de, com afeto e compaixão, te dizer que, nas minhas noites frágeis, enquanto exerço uma fé insegura, porém renitente, e busco com ela me dessedentar com energias boas e de esperança, tenho pensado muito em você e no meu xará, pedindo ao mistério para que o caos se organize logo e que vocês possam secar não apenas a água suja, mas a lágrima cristalina, que não tira a sede, a raiva, a tristeza, mas que regula como se fosse filtro de nós mesmos. Vai passar? Vai. Mas isso não tira o peso do tempo e de sua fricção com o espaço. O que tira é o abraço, o afeto, a esperança que vem num sacola de roupas, neste comentário, na oferta de que, se eu puder contribuir de alguma forma mais prática, aqui me tem e sempre terá. Um abraço em todos vocês. Sobre a cachorra, quando for possível, veja com um veterinário se ele não pode receitar algum antidepressivo. Há alguns anos, meu apartamento em São Paulo foi assaltado e nos levaram tudo. Meu gato estava no apartamento e viu, ouviu, sentiu tudo. Assustado, arisco, paranoico, ele regrediu em muitos comportamentos. Além de amor e compreensão, o remédio ajudou durante um tempo até que tudo se ajustasse. Apenas uma referência que talvez possa ajudar por aí também. Um beijo meu e de minha família.

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Fellipe, que mensagem tão generosa e bonita. Muito obrigada pelas palavras (e pela dica canina), me senti abraçada e acolhida pelas tuas reflexões. As coisas já estão melhores agora, em grande parte graças ao afeto que nos chega. Obrigada.

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mai 15Curtido por Julia Dantas

Julia, me emocionei muito com o seu texto. É difícil encontrar as palavras certas para um momento como esse. Depois de te ler, então, confesso que ficou ainda mais. Deixo aqui meu desejo sincero de que vocês possam aos poucos reencontrar os livros com dedicatória, a poltrona verde, o Chile, a lasanha congelada. E que a recorrência dos emojis com carinha triste dure pouco. Envio muito carinho aqui de Vitória - ES.

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Querida xará, muito obrigada pelo carinho, que vem de longe mas chega forte aqui.

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mai 13Curtido por Julia Dantas

Fugi da cidade na quarta passada, só não mais culpada por estar carregando “refugiadas”. A imagem de livros (autografados) e cadernos destruídos pela água é de uma tristeza sem fim. Talvez consigamos desapegar de coisas materiais e salvar os neurônios pra planos de reconstrução com final feliz.

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Salvar os neurônios já é uma vitória nesses dias, tens razão, Tatiana. Um abraço

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mai 12Curtido por Julia Dantas

Júlia querida, leio teu texto hoje, numa manhã ensolarada aqui da chucrutelândia, na total segurança que não impede de me inundar de tristeza e sentimentos por você. Que lindo texto. Tão equilibrado. Tão justo. Tão claro para nos dar a perfeita dimensão da tua grandeza de alma e espírito, que no meio do que poderia ser só um pesadelo, mas que é a triste realidade, terrível em tantas dimensões, e para tantos ainda pior, consegue nos dar a perfeita imagem destes vários planos. Você é um talento e uma pessoa de uma sensibilidade belíssima. Força querida. A tua grande pessoa vai transformar isso eu sei. Obrigada por compartilhar com a gente.

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Ah, Marie, obrigada por estar sempre tão presente, mesmo na distância, tão junto como estivemos em Paraty.

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mai 12Curtido por Julia Dantas

Julia, a água que brita pelas frestas, pelo piso, é uma imagem avassaladora. Triste demais isso tudo. Solidária com voces. Qual era tua rua?

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Obrigada, Gecy. Moramos na Cícero, atrás do Roosvelt

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mai 24Curtido por Julia Dantas

Relato vivo… A água encontra um caminho não importa a que custo. Você, o Rio Grande também haverão de encontrar. A palavra realmente coloca vírgulas, pontos e todos “os pingos nos is” e eis o primeiro passo ou a primeira braçada. Logo, logo será tempo de recomeçar e essa a primeira página de uma grande história! Meu abraço fraterno.

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Muito obrigada, Adriana, aos pouquinhos vamos criando os caminhos e as palavras para seguir.

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mai 23Curtido por Julia Dantas

Julia, confesso que, desde que tu postou esse texto, tenho pensado nele todos os dias. Estava adiando a leitura, porque sabia que seria muito forte. Foi mesmo, mas ainda bem que li. Acho que todo mundo deveria ler também. Sinto muito que vocês tenham passado por tudo isso, tu tem toda razão quando diz que nunca são apenas coisas. E digo agora pra ti que tuas palavras não são apenas palavras, são muito, muito mais. Obrigada por ter escrito. Um abraço carinhoso.

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Laura, muito obrigada por não apenas ler, mas por deixar esse comentário tão querido.

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mai 22Curtido por Julia Dantas

bah, queria ter escrito esse texto. Nao aguento mais ouvir “o importante é que vocês estão bem, o resto se reconstrói”

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Pois é, e claro que o importante é estar vivo, mas há muitas perdas a serem elaboradas.

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mai 21Curtido por Julia Dantas

muito bom o seu relato e os detalhes da experiencia. Também fui atingido e tive a casa alagada. Fico pensando que o terrível da enchente é que não é vísivel o perigo, ela vai vindo devagar, subindo e não como segurar, como barrar a sua entrada.

Aqui em casa não tentamos fazer barreiras, mas mudamos de lugar as coisas umas 3 vezes porque não acreditávamos que a água seguiria subindo. e ela subiu sem nem discutir, só foi indo e ficou onde queria.

Tudo de bom para vocês, e forças para seguirem.

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Tobs, lamento muito pelas tuas perdas. Eu também nunca imaginei que a água subiria tanto, foi tudo além do crível. Te desejo muita força daqui pra frente, um grande abraço!

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mai 18Curtido por Julia Dantas

Julia, querida. Eu sinto muito por tudo! <3

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Obrigada, Jaque

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mai 16Curtido por Julia Dantas

Sinta-se abraçada por uma desconhecida que sente muito pelas suas dores e perdas

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Obrigada, Priscila, teu abraço chega aqui, sim

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mai 15Curtido por Julia Dantas

Estou em Porto Alegre, Júlia, vivendo parte de teu drama. Compadeço-me pela tua perda e não sei o que dizer a não ser: "Avante"! Um beijo a vocês. Rô Candeloro

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Obrigada, Rô, é isso, aos pouquinhos a gente vai em frente e recria as perdas

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jun 3Curtido por Julia Dantas

Comprarei o teu livro assim que eu receber. Bjs

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Sinto raiva e tristeza por ti e por todas as pessoas que perderam coisas, partes das suas vidas, que perderam alguém. Tô longe, mas tô a alcance de uma mensagem. Te amo.

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Te amo, Alexandra, obrigada por estar sempre perto

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mai 14Curtido por Julia Dantas

lindo texto, Julia. que os próximos dias sejam de esperança, e que em breve você consiga retornar e descobrir tantas coisas, na sua casa, que resistiram.

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Obrigada, Marcia, aos pouquinhos estamos reconstruindo e, tens razão, de vez em quando aparece algo que tínhamos dado por perdido e que sobreviveu

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